Veja.vis: resultados preliminares

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A pesquisa Veja.vis é um projeto inovador no campo das chamadas "Humanidades Digitais" (em inglês Digital Humanities) que busca demonstrar a potencialidade da investigação em ciências sociais aliada às tecnologias de análise quantitativa de dados (data analytics). Em nosso caso específico, seguimos a proposta teórica de Lev Manovich de analisar também fatores culturais através de processamento de dados em larga escala com a produção e aplicação de algoritmos "culturais" de reconhecimento de faces, gênero, entre outros, para tratar de temas que levariam talvez décadas para serem obtidos, normalmente em extensas pesquisas em bibliotecas ou mesmo acervos. Para o processamento desses dados utilizamos computação de alta performance em grid e as imagens que seguem foram renderizadas utilizando esse método. Nos casos analisados abaixo, fica demonstrada a potencialidade da proposta do nosso grupo de estudos no campo que está se estabelecendo denominado Humanidades Digitais (Digital Humanities). Em nosso projeto, além de dados quantitativos, criamos alguns algoritmos "qualitativos" com o intuito de provocar uma discussão sobre como a revista com maior circulação nacional vem tratando de alguns temas, mesmo que inconscientemente, em suas capas. Por questão de limitação em nossa capacidade de hardware e também de tempo computacional para renderizar todas as imagens, utilizamos somente as imagens digitalizadas das capas da revista, que foram objeto de nossa análise neste projeto acadêmico que vem sendo desenvolvido pelo mestre em Comunicação Marcio Santos sob a orientação de Cicero Inacio da Silva. Os resultados analisam questões qualitativas e quantitativas chegando a dados como:
 
a) as mulheres negras representam 0,33% do total das capas, apesar de o último censo do IBGE (2010) demonstrar que metade da população feminina é negra/parda;

b) apenas 12% das capas da Revista Veja apresentam mulheres como tema principal, sendo que elas hoje são 51% da população;

c) a mulher negra é apresentada em apenas 3 tipos de temas: Guerra (refugiados), Carnaval e política (1 capa= 0,0041%), reforçando o estereótipo clássico do papel da mulher na sociedade brasileira;
 

d) os homens negros aparecem em uma porcentagem um pouco maior, um total de 2% das capas totais de VEJA (47 capas);

e) nas temáticas em que as capas masculinas com homens negros aparecem, três temas se destacam: esporte (40%), Crime (11%) e Política (19%);

f) Das capas com homens negros, 66% são brasileiros e o restante personalidades estrangeiras.

O trabalho Veja.Vis foi apresentado em inúmeros congressos nacionais e internacionais, entre eles o Digital Humanities (Humanidades Digitais) 2012 em Sheffield, Inglaterra.